segunda-feira, 8 de junho de 2009

MAIS UMA PRAÇA OCUPADA


PRAÇA VEGAN – O MANIFESTO

São Paulo, 26 de Março de 2009 – Brasil – América Latina, para os satélites do GoogleEarth!

Do espaço público e seus conceitos:
Hoje a sociedade se encaixota em limites que um dia foram limitados por paredes emocionais, mas que agora, os limites passaram a ser construídos de concreto. Podemos, portanto, entender por público aquilo que é de domínio de todos, sem que haja um único possuidor. Público se opõe ao privado em todos os sentidos. Dá tonalidade de serventia a todos, e de todos emana a possibilidade de uso. Ontem, hoje e sempre sabemos que esses espaços, muitas vezes, representam apenas pontes de passagem dos nossos trajetos cotidianos. Lugares por onde andamos, que não são meus, nem seus. Uma ponte entre o privado e o privado. Espaço público, portanto, tornou-se um meio esquecido de convivência. Um meio esquecido de transformação.

Da apropriação do todo, para o todo:
Não é de hoje que estamos, pouco a pouco, nos apropriando do espaço público. É bem verdade que, originalmente, tudo assim o era. Fomos com o passar da história e de suas entrelinhas, demarcando os espaços. Cercando e limitando o acesso aos demais, em detrimento daqueles que “chegaram” primeiro. Eis que vivemos hoje em grandes cidades. Colossais monumentos que exaltam o dito progresso, que se erguem diante dos nossos olhos e nos aniquilam por completo. A vida perde valor, e, onde ela existia, agora se encontra uma placa: “Ocupado a serviço da Capital”. E quando não é assim, os espaços são resguardados dentre tanta fumaça, concreto e poluição, como verdadeiros aquários. Verdadeiros bolsões de vida, e que talvez queiram nos deixar subjetivamente claro o que nós tínhamos antes da nossa avassaladora civilização chegar. Talvez apenas com um “exemplo” do que é uma árvore. E isso talvez aconteça justamente para que os nossos filhos possam saber, ao menos, o que é uma árvore ao vivo, e não só imagens ilustradas em livros didáticos. De fato, não estamos lidando mais com uma dita “selva de pedra”. Hoje, é muito mais viável aceitarmos o fato de estarmos em um zoológico enorme: a cidade. Colocamos em jaulas alguns animais para que possamos observar. Colocamos em praças algumas árvores para que possamos admirar. Fatalmente, a cor cinza está contaminando a cor verde. E cada ponto verde que hoje é visto soa quase que como um verso rebelde em confronto com o cinza. Faremos, portanto, do cinza o verde. E do verde, uma grande poesia.

Da intervenção:
Não foi idealizada como um meio de segregar. Não foi idealizada como um meio de limitar. Ontem, apenas um lugar que os olhos dos empreendedores visariam lucros absurdos. Hoje, talvez um engodo para a vida. Dia 26 de Março de 2009 uma referência é dada como um ponto de encontro. Um local que fora esquecido pela sociedade que, hoje, passa a ser conhecida.

Conhecida, e ocupada.
Conhecida, e utilizada.
Conhecida, e reciclada.

Amanhã, São Paulo acorda com um V no coração. Um V que será e poderá ser visto do mundo inteiro, graças aos modernos e destruidores moderadores de visualização, vulgo satélites.

V de Verde.
V de Vida.
V de Vingança.
V de Vegan.

Vegan que, aqui, serve também para renomear esta praça, e se relaciona diretamente, em seu conceito central, com a luta contra a Sociedade de Consumo, que por sua vez, culmina com a exploração animal de todas as espécies, sejam elas humanas ou não humanas. O público é nosso e façamos dele o nosso espaço. Você, de qualquer espécie, de qualquer gênero, de qualquer religião, de qualquer raça*, de qualquer idade, de qualquer atividade que desenvolva na sociedade e de qualquer qualquer, esteja à vontade para simplesmente passar, para simplesmente admirar, para simplesmente ignorar, para simplesmente intervencionar, ou para... simplesmente.





COORDENADAS:
Seguir a Av. Paulista sentido Consolação. Atravessar a Av. Consolação e continuar na Av. Paulista. Desta forma, a próxima praça à sua esquerda é a PRAÇA VEGAN!


*Refirimo-nos à “raça” por um ponto de vista social antropológico baseado em impressões fenotípicas e não pelo ponto de vista biológico, já que este último sabemos não existir.

domingo, 7 de junho de 2009

Tudo para você...

Pois bem, mais alguns dias na cidade grande.
De passagem, de fato, mas devido à alguns comentários de uma postagem antiga, realmente me coloquei em outras posições de pensamento.
Mas vamos lá...
Dois dias se passaram e desde então não tenho conseguido me enxergar longe de qualquer agressão advinda dos enormes carros com ar condicionado.
Enfim...
Enquanto não cessarem os agressões de um lado, é inútil tentarmos encarar Gandhi em plena São Paulo. Tampouco ofertar a outra face para ser agredida da mesma forma que a primeira foi.
Enfim, deixemos isso um pouco de lado. O que deve ser feito vai ser feito, independente de quem e quando.
O importante é saber que as ruas representam uma expressão própria, que não necessita, geralmente, de ditadores de alguma moral. Ou nem precisamos nos encarar em uma batalha política onde temos que nos enxergar como possuidores de argumentos suficientes para conquistarmos mais e mais soldados, sejam eles para atuar em nome da paz, ou em nome da guerra.
E foi incrível verificar que sim, que todos esses métodos que talvez eu tenha vomitado de uma única vez, faz parte de cada vez mais pessoas. Não simplesmente por um motivo crescente de indignação, mas o que eu percebo é que cada vez mais as comuns estão se esbarrando por aí.
Coisas maiores tendem a acontecer.
O espermatozóide fecunda o óvulo e nasce mais alguém. Quem?
A pólvora se encontra com a faísca e mais uma cápsula explode. Qual?
Enfim, é difícil advinhar e prever todos os riscos e certezas dos nossos próprios atos. O que deve e pode acontecer é justamente o encontro de partículas. De seres que acreditam em algo em comum.
Não gostaria ou gostaríamos de sermos vistos como moralistas ou simplesmente ditadores e semeadores de posturas violentas. Quem sabe de cada ação é aquele que a prepara.
Se existisse alguém capaz de julgar aqui quem faz o certo e quem faz o errado, eu seria o primeiro a tentar destruí-lo.
A proposta foi, é e sempre será apresentar a pergunta. Jamais a resposta correta.
E desta forma, cada qual na sua posição, construindo algo que talvez seja coletivo, afinal, tudo que sai do ramo da teoria para a prática, passa a ser, portanto... COLETIVO!

Bem vindo às RUAS!