quarta-feira, 16 de março de 2011

El día de la bestia

Pois é...
Algo de muito estranho aconteceu no Brasil... mais alí na parte sul.
Não vou dizer que não, mas nós provocamos isso também.
Sabemos ser mais vagarosos quando queremos. Sabemos tirar qualquer um do sério...
Porém, isso ainda é visto como uma forma de protesto.
Deixamos a situação chegar num limite que um dia ou outro iria explodir.
Quando optamos pelas formas pacificas (estatais) de manifestação, era quase que como armar uma bomba relógio pronta para explodir a qualquer momento.
e BOOM!
Chegado o grande dia.
Uma omelete precisou ser preparada com apenas doze ovos.
Doze ciclistas foram brutalmente e conforme mostram as imagens, propositalmente atropelados por um Zé qualquer.
Um "Zé" porque não é uma pessoa sem rosto, tan pouco uma pessoa muito especial.
Mas uma pessoa qualquer. Um motorista de um carro qualquer, em um dia qualquer... em uma cidade qualquer.
Não foram os doze ciclistas sentenciados à morte dentro de uma guerra que não é de hoje eu venho dizendo ser "injusta".
Não há razão, principalmente em minha palavras, para encarar um caso como esse apenas como um fato isolado.
Talvez eu realmente não fale para todos os ouvidos, ou escreva para todos os olhos lerem, mas de fato não foram doze o número de vitimas. E não foi aquele motorista o vilão de toda história.
A história nos mostra que as coisas passam a tomar forma quando os dois lados de uma mesma moeda passam a ser iluminadas.
Tudo costuma ter um limite... tudo costuma ter um ponto clímax... e um ponto final também.
De longe eu não entendi porque não li noticias de represálias...
Não entendi como a casa não foi queimada... 
Como não arderam veículos durante uma madrugada silenciosa de uma cidade qualquer.
Sinto talvez a revolta de ter sido atropelado naquela dia. De ter sentido a opressão de perto, bem ali, enquanto estava pedalando e veio um carro por trás e levou talvez uma certa alegria de estar participando de um "ato político".
Mas não me senti respaldado por um Estado que teima em não sentar para ouvir.
Não senti as leis serem cumpridas e acima de tudo... não senti confiança naqueles todos outros que acreditavam ou acreditam que o tal tipo terá uma sentença justa.
Quando nos manifestamos, é para propor uma forma direta ao Estado... Mas as leis quando são oprimidas, talvez ainda fique a sede de não entregar ao Estado esse poder. Da mesma forma que ele (o Estado) não se importa muito com a minha vida, é um pouco incômodo pensar que ele seria o mais indicado à julgar...
e acima de tudo... o mais indicado para dizer que isso tudo vai parar.
Sabemos que temos as nossas próprias leis... quem esta dia-a-dia no asfalto sabe exatamente que não basta termos um capacete e uma certa prudência...
Sabemos o que sentimos quando somos encurralados como gado na sargeta.
Sabemos que a rua... que o asfalto brilha sob nossas rodas... e que ali, e talvez tão somente ali, somos soberanos de nossas proprias vidas.
Alí montamos nossas estratégias para permanecer ativos (ou seja... vivos) em mais um dia de trabalho... ou de simplesmente vida.
A rua dita suas próprias leis... suas próprias ordens. E sabemos que uma pedalada no caminho da dúvida pode simplesmente custar-lhe a vida.


Não começou na Paulista, com a jovem atropelada e morta... Não há de terminar em Porto Alegre, com os doze feridos.

A guerra esta contida no asfalto. Os limites são as calçadas. 
Uns ainda creio que vão teimar em não ver as armas. Mas creio ainda que outros já sabem quando e onde a justiça deve ser aplicada.

Mais um dia no asfalto. Mais um dia eu sobrevivi.... e estou aqui para contar-lhes um pouco do que significa estar sobre rodas não motorizadas em uma grande cidade.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Entrevista

1. Qual Seu nome e idade?
A. A. H. A. – 29 anos
2. Há quanto tempo é vegan?
Desde 01/01/1999
3. Por que escolheu esse tipo de alimentação?
A escolha por uma alimentação condizente com a Libertação Animal foi para mim apenas um fator de aproximar ainda mais as minhas práticas das minhas teorias.
4. No que consiste a dieta Vegan e qual a diferença entre os outros tipos de vegetarianismo.
Antes de tudo, eu não enxergo o Veganismo como dieta. O individuo que adota o veganismo o faz por oferecer publicamente práticas cotidianas de Libertação Animal. E isso TAMBÉM inclui a alimentação, mas não esta nem sequer focado nela, visto que a Libertação Animal envolve diversas outras práticas, que talvez não sejam nem sequer “moldáveis” a uma nova visão ética em relação aos animais, mas sim apenas como fruto de atitudes coerentes em relação a todos.
O Veganismo se difere dos demais “ismos” vegetarianos, justamente pelos princípios que os norteiam. Vegetarianismo é dieta. Veganismo é Luta pela Libertação Animal. Simples assim... Um vegan segue uma dieta vegetariana ortodoxa, ou seja, pura. Mas nem sempre um vegetariano luta pela Libertação Animal. A adoção de uma Dieta Vegetariana pode se dar por vários motivos, dentre eles, desde saúde te por questões éticas.
5. Qual o maior beneficio em ser Vegan?
Não consigo enxergar nenhum benefício diretamente pessoal em ser ou não ser Vegan. Um Vegan não é melhor do que ninguém, assim como ninguém é melhor do que um Vegan. Por se tratar de um rótulo auto aplicável, o veganismo, acredito eu, acaba sendo e trazendo muito mais benefício aos animais do que em relação ao indivíduo. Porém, certamente o Veganismo acaba se aproximando e muito, em sua maioria, de práticas sociais saudáveis, como uma boa alimentação do individuo que opta pelo veganismo como conduta de vida, a distância do uso de álcool e outras drogas socialmente degradantes. E dentro desse processo, de uma forma secundária, um Vegan ainda acaba, além de ter uma postura ética para com os animais, tendo uma postura ética em relação a tudo que o cerca.
6. Qual a deficiência que esse tipo de alimentação pode causar ao organismo?
Absolutamente nenhuma. Existem casos, obviamente, de vegans que possuem problemas de saúde. Mas isso sempre é ocasionado por algum mal acompanhamento alimentar do indivíduo em relação à sua nutrição. O Veganismo mexe em uma prática diária de alimentação. E desta forma, assim como qualquer outra pessoa que por motivos diversos necessitem alterar seus hábitos alimentares, estão sujeitos a sofrerem alguma disfunção nutricional por conta, geralmente, de má orientação e de má informação. Tendo um razoável acompanhamento e uma boa fonte de informação, o veganismo e a dieta vegetariana ortodoxa, que o veganismo pressupõe, tende a ser ideal ao ser humano.
7. Que tipo de acompanhamento é necessário ter para se tornar um Vegan?
Como dito anteriormente, ter um razoável conhecimento já é o necessário para manter-se bem nutrido com a dieta que um Vegan aplica no seu dia a dia.
8. Você se relaciona com pessoas que não sejam vegetarianas?
É inevitável não existir um distanciamento que eu particularmente julgo “natural” em relação a pessoas que não sejam vegetarianas, ou mais afundo, vegans. Porque geralmente são pessoas que mantêm atitudes e pensamentos bem diferentes, e em alguns casos bem específicos, até conflituosos. Fazendo, portanto, com que “naturalmente” você se aproxime de pessoas com a mesma vibração que a sua. Mas isso, eu acredito ser normal em qualquer situação social. Se eu gosto de música sertaneja, eu vou acabar me aproximando mais de pessoas que gostam de música sertaneja, por exemplo.
9. Qual a historia do Veganismo no Brasil e no mundo?
Boa pergunta! Eu diria que o Veganismo ainda esta começando a ser história no Brasil. Atualmente existem duas correntes internas que acabam disvirtuando um pouco o veganismo do que ele realmente é. O Veganismo, adotado, aplicado e entendido como Luta pela Libertação Animal coloca o indivíduo que adota a terminologia como bandeira de luta e faz dessa bandeira, algo concreto e uma razão plausível por aquilo que se possa lutar. Porém, existe uma corrente bem recente que esta assimilando o veganismo pura e simplesmente como algo que esta somente substituindo a terminologia “vegetariano puro” e colocando o veganismo em apenas mais uma classificação dietética.
Desta forma, o que se pode ver no Brasil, é o crescente número de manifestações e organizações crescendo e se articulando para lutar de diversas formas pela Libertação Animal. A pluralidade que hoje vemos com a existência de muitos grupos distintos entre si, porém com um mesmo objetivo reflete o inicio de uma longa caminhada, que é alcançarmos a Libertação Animal, seja ela humana e não humana.
No mundo, a história já vem sendo escrita desde algum tempo. Poderia citar como País precursor e talvez responsável por fervilhar primeiramente essas questões éticas aplicadas a sociedade ocidental, a Inglaterra. Não só por ter sido o país que cunhou o termo Vegan, quando em 1944 formou-se então a Vegan Society, justamente por atrelar a parte ética em relação à visão aos animais não humanos. Mas também por ter sido um país de vanguarda nas leis de proteção dos animais. Desta forma, Estado e sociedade começaram, desde muito cedo a caminhar praticamente juntos. A sociedade cobrava do Estado algumas soluções e o Estado avançava com Leis e regimentos proibitórios de crueldade contra os animais. Insta ressaltar ainda que foi no Reino Unido os primeiros registros de grupos organizados que lutavam pelos direitos dos animais a serem contundentes e seriamente interpretados pelo próprio Estado.
10. Quantas pessoas praticam essa alimentação no Brasil?
No Brasil ainda não existem estudos que demonstrem tais números, mas é comum ouvir boatos de que 1 em cada 20 Brasileiros se assumam vegetarianos ou ligados a alguma vertente do vegetarianismo, como o ovo-lacto-vegetariano ou o lacto-vegetariano.
11. Quais são os aspectos políticos, religiosos, espirituais e psicológicos dessa alimentação?
Á partir do momento que o Veganismo é interpretado e visto como Luta, ele automaticamente esta ligado a todo e qualquer movimento político da história da humanidade.
E o que norteia tal princípio são talvez a mesma visão ocidental de Luta enxergada como Liberdade daquilo pelo qual se luta.
O veganismo é tão grande, que também pode ser assimilado e adotado como por outros princípios, como os religiosos. Talvez o mais importante deles, e também o mais conhecido aqui no Ocidente, seja o princípio da “Ahimsa”, ou princípio da Não Crueldade, seja ela ofertada a qualquer ser vivo.
O vegetarianismo e não o veganismo também é buscado por uma série de religiões, por esse mesmo princípio, só que vistos de formas individuais em cada religião. Em algumas o vegetariansmo é simplesmente adotado por ser a única dieta que te mantêm distante de alimentos provenientes da morte de um animal com consciência de dor, desta forma, interpretado como uma dieta que purifica a alma e enobrece o espírito para as práticas devocionais divinas.
Aspectos psicológicos geralmente estão ligados a visão individual daquele que se enxerga na Luta pela Libertação Animal. Desta forma, geralmente a forma com que o indivíduo atuará pela Libertação Animal é apenas reflexo de como o indivíduo enxerga soluções para os problemas ali identificados.
Eu, particularmente, já me envolvi em alguns estudos para traçar um perfil de quem tem uma tendência a lutar pela Libertação Animal. Ainda não conclui muita coisa, mas existem espécies de “padrões” a serem observados. Geralmente pessoas que se aproximam da Libertação Animal são pessoas que se enxergam ou se enxergaram em situação conflituosas de violência. Como eu disse, isso não é nada acadêmico ainda, mas essa aproximação tende a ser ética/racional ou o seu extremo oposto, sentimental, entrando, portanto, toda aquela hipótese de enxergar-se no animal a violência que outrem praticara contra o individuo.
12. Você sente algum tipo de preconceito em ser Vegan?
Atualmente não. Mas há 10 anos atrás, não comer carne, ou rejeitar um bolo da minha sogra porque ele fora feito com ovos era um completo absurdo. Eu costumo dizer que “há 10 anos ser vegan é ser habitante de algum outro planeta. Hoje, ser vegan continuamos a ser habitantes de um outro planeta, mas pelo menos, somos habitantes de um planeta já mais conhecido”.
Eu particularmente não me sinto vítima de qualquer preconceito, mas uma ou outra piadinha ainda ouço. Mas isso depende muito da forma com que você se relaciona com isso tudo. Se você entrar na brincadeira, talvez seja difícil encontrar um limite... Mas se na primeira tentativa existirem argumentos contundentes, acredito que as pessoas que estão próximas e até mesmo a sociedade como um todo, acaba por perceber mais o objetivo da negação de um bife, ou de um tênis de couro, ou um produto testado em animais.
13. Qual a maior dificuldade em ser vegan ?
Dar o primeiro passo! Ou seja, estar diposto individualmente a abrir os olhos sinceramente, e enxergar a forma com que nós, humanos, estamos nos relacionando com o universo. Ser Vegan é perceber essas mínimas relações. É entender que não existem diferenças entre a vida de uma formiga e a de um ser humano. A de um feto e a de um bezerro. A de uma vaca com a de um coelho.
O veganismo dorme em todos nós. Basta acordarmos para isso.
Qualquer pessoa que esteja disposta a dispensar 5 minutos de sua vida para pensar em como estamos nos relacionando com o meio em que vivemos, vai certamente atravessar as cortinas que escondem os bastidores de coisas tenebrosas que praticamos, e que muitas (e muitas mesmo!) vezes nem percebemos.
Essa prática faz e fará com que toda a sociedade se enxergue suja de sangue de Inocentes. E isso, quando percebido, só dá ao indivíduo uma saída: A mudança!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

CRITICAL MASS 2009

Massa Crítica 2009

Dia 22 de Setembro é conhecido ao redor do mundo como o Dia Mundial Sem Carro.

E em São Paulo ele foi “comemorado” em grande estilo. Ou seja, sobre rodas, mas sobre rodas das mais de 800 bicicletas que tomaram conta das principais vias asfaltadas da Capital neste dia.

Por volta das 9 horas da noite, os bikers se reunirão na já famosa Praça do Ciclista, praça adotada por eles como ponto de encontro dos demais encontros de bikers de São Paulo, como por exemplo, a famosa Bicicletada (evento que acontece todas as últimas sextas feiras de cada mês), localizada no canteiro central de uma das principais vias da cidade: Av. Paulista.

A Massa Crítica ou Critical Mass, como é conhecida internacionalmente, tem por objetivo maior denunciar a sociedade do automóvel e desta forma, desmascarar a insustentabilidade da cultura automobilística em nossa sociedade.

São vários os pontos abordados pelos ciclistas e dentre eles, estão a reutilização do espaço público, reorganizando a democracia de locomoção urbana.

A questão ambiental, alertando para os altos indicies de poluição gerados pelos milhares de automóveis que circulam diariamente pelas cidades. A questão da busca pelo direito de segurança nas ruas da cidade, estando a pé, de patins, de bicicleta, de skate, ou seja lá de que forma estiver, mas tornar efetivamente prática a idéia de existirem vias de acesso e que essas vias tenham espaços para todas as modalidades de transporte, com segurança.

Existe ainda a questão do protesto por aqueles que faleceram ou se acidentaram gravemente na dita “Guerra do Trânsito” em cidades como São Paulo.

E mais uma infinidade de motivos que cada um dos que estavam presentes e cada um dos que não estavam, mas compactuam com as idéias que circulam no evento, fazendo, desta forma, a Massa Crítica um movimento mundial de protesto contra a ditadura do automóvel.

Em São Paulo, após gritos como: “Menos carros – Mais bicicletas”, pouco a pouco a massa começou a invadir a Av. Paulista, cartão postal da cidade. A faixa em um dos sentidos foi completamente tomada pelos ciclistas que fizeram literalmente o trânsito de São Paulo parar.

Parar para refletir sobre as questões. Parar para mostrar a instabilidade no modo de pensamento automobilístico. Parar para perceber ou começar a perceber que as alternativas de transporte urbano têm sido cada vez mais entendido como urgências das ruas, não só da parte dos ciclistas, mas do próprio Estado, que de uma forma ainda muito vagarosa, começa a adequar políticas públicas já experimentadas em outras cidades do mundo, para serem utilizadas por aqui.

O percurso da Massa Crítica pela cidade, partindo da Av. Paulista, passou também por importantes ruas do centro expandido da cidade e durou cerca de 3 horas, retornando ao ponto de encontro inicial, na Praça do Ciclista.

Fernando Mendes, 25, que se diz “Bike ativista”, diz que está percebendo uma espécie de evolução da Massa Crítica, em grandes cidades como São Paulo. “Há muito pouco tempo, há dois anos atrás somente, éramos menos da metade dos ciclistas que estão aqui hoje. O número de ciclistas que sofrem diariamente no trânsito cresce a medida que mais pessoas ocupam as ruas com suas bicicletas. Um dia isso vai ser maior ainda, porque cada dia que passa, elas estão criando uma consciência de locomoção alternativa, quer seja pela economia de gastos com o carro, quer seja por saúde, quer seja por porotesto! Vejo isso crescendo por aqui.”, comenta.

Nenhum tumulto foi registrado durante todo o evento, exceto algumas poucas reclamações de motoristas, feitas diretamente aos ciclistas. Porém a Policia Militar de São Paulo, que tentou impedir a invasão total das bicicletas nas pistas, informou, através do Capitão Altares, do 23º Batalhão, que receberam 17 denúncias de depredação de veículos nos arredores de onde a Massa Crítica passou.

Amir Rua – Ciclista



segunda-feira, 8 de junho de 2009

MAIS UMA PRAÇA OCUPADA


PRAÇA VEGAN – O MANIFESTO

São Paulo, 26 de Março de 2009 – Brasil – América Latina, para os satélites do GoogleEarth!

Do espaço público e seus conceitos:
Hoje a sociedade se encaixota em limites que um dia foram limitados por paredes emocionais, mas que agora, os limites passaram a ser construídos de concreto. Podemos, portanto, entender por público aquilo que é de domínio de todos, sem que haja um único possuidor. Público se opõe ao privado em todos os sentidos. Dá tonalidade de serventia a todos, e de todos emana a possibilidade de uso. Ontem, hoje e sempre sabemos que esses espaços, muitas vezes, representam apenas pontes de passagem dos nossos trajetos cotidianos. Lugares por onde andamos, que não são meus, nem seus. Uma ponte entre o privado e o privado. Espaço público, portanto, tornou-se um meio esquecido de convivência. Um meio esquecido de transformação.

Da apropriação do todo, para o todo:
Não é de hoje que estamos, pouco a pouco, nos apropriando do espaço público. É bem verdade que, originalmente, tudo assim o era. Fomos com o passar da história e de suas entrelinhas, demarcando os espaços. Cercando e limitando o acesso aos demais, em detrimento daqueles que “chegaram” primeiro. Eis que vivemos hoje em grandes cidades. Colossais monumentos que exaltam o dito progresso, que se erguem diante dos nossos olhos e nos aniquilam por completo. A vida perde valor, e, onde ela existia, agora se encontra uma placa: “Ocupado a serviço da Capital”. E quando não é assim, os espaços são resguardados dentre tanta fumaça, concreto e poluição, como verdadeiros aquários. Verdadeiros bolsões de vida, e que talvez queiram nos deixar subjetivamente claro o que nós tínhamos antes da nossa avassaladora civilização chegar. Talvez apenas com um “exemplo” do que é uma árvore. E isso talvez aconteça justamente para que os nossos filhos possam saber, ao menos, o que é uma árvore ao vivo, e não só imagens ilustradas em livros didáticos. De fato, não estamos lidando mais com uma dita “selva de pedra”. Hoje, é muito mais viável aceitarmos o fato de estarmos em um zoológico enorme: a cidade. Colocamos em jaulas alguns animais para que possamos observar. Colocamos em praças algumas árvores para que possamos admirar. Fatalmente, a cor cinza está contaminando a cor verde. E cada ponto verde que hoje é visto soa quase que como um verso rebelde em confronto com o cinza. Faremos, portanto, do cinza o verde. E do verde, uma grande poesia.

Da intervenção:
Não foi idealizada como um meio de segregar. Não foi idealizada como um meio de limitar. Ontem, apenas um lugar que os olhos dos empreendedores visariam lucros absurdos. Hoje, talvez um engodo para a vida. Dia 26 de Março de 2009 uma referência é dada como um ponto de encontro. Um local que fora esquecido pela sociedade que, hoje, passa a ser conhecida.

Conhecida, e ocupada.
Conhecida, e utilizada.
Conhecida, e reciclada.

Amanhã, São Paulo acorda com um V no coração. Um V que será e poderá ser visto do mundo inteiro, graças aos modernos e destruidores moderadores de visualização, vulgo satélites.

V de Verde.
V de Vida.
V de Vingança.
V de Vegan.

Vegan que, aqui, serve também para renomear esta praça, e se relaciona diretamente, em seu conceito central, com a luta contra a Sociedade de Consumo, que por sua vez, culmina com a exploração animal de todas as espécies, sejam elas humanas ou não humanas. O público é nosso e façamos dele o nosso espaço. Você, de qualquer espécie, de qualquer gênero, de qualquer religião, de qualquer raça*, de qualquer idade, de qualquer atividade que desenvolva na sociedade e de qualquer qualquer, esteja à vontade para simplesmente passar, para simplesmente admirar, para simplesmente ignorar, para simplesmente intervencionar, ou para... simplesmente.





COORDENADAS:
Seguir a Av. Paulista sentido Consolação. Atravessar a Av. Consolação e continuar na Av. Paulista. Desta forma, a próxima praça à sua esquerda é a PRAÇA VEGAN!


*Refirimo-nos à “raça” por um ponto de vista social antropológico baseado em impressões fenotípicas e não pelo ponto de vista biológico, já que este último sabemos não existir.

domingo, 7 de junho de 2009

Tudo para você...

Pois bem, mais alguns dias na cidade grande.
De passagem, de fato, mas devido à alguns comentários de uma postagem antiga, realmente me coloquei em outras posições de pensamento.
Mas vamos lá...
Dois dias se passaram e desde então não tenho conseguido me enxergar longe de qualquer agressão advinda dos enormes carros com ar condicionado.
Enfim...
Enquanto não cessarem os agressões de um lado, é inútil tentarmos encarar Gandhi em plena São Paulo. Tampouco ofertar a outra face para ser agredida da mesma forma que a primeira foi.
Enfim, deixemos isso um pouco de lado. O que deve ser feito vai ser feito, independente de quem e quando.
O importante é saber que as ruas representam uma expressão própria, que não necessita, geralmente, de ditadores de alguma moral. Ou nem precisamos nos encarar em uma batalha política onde temos que nos enxergar como possuidores de argumentos suficientes para conquistarmos mais e mais soldados, sejam eles para atuar em nome da paz, ou em nome da guerra.
E foi incrível verificar que sim, que todos esses métodos que talvez eu tenha vomitado de uma única vez, faz parte de cada vez mais pessoas. Não simplesmente por um motivo crescente de indignação, mas o que eu percebo é que cada vez mais as comuns estão se esbarrando por aí.
Coisas maiores tendem a acontecer.
O espermatozóide fecunda o óvulo e nasce mais alguém. Quem?
A pólvora se encontra com a faísca e mais uma cápsula explode. Qual?
Enfim, é difícil advinhar e prever todos os riscos e certezas dos nossos próprios atos. O que deve e pode acontecer é justamente o encontro de partículas. De seres que acreditam em algo em comum.
Não gostaria ou gostaríamos de sermos vistos como moralistas ou simplesmente ditadores e semeadores de posturas violentas. Quem sabe de cada ação é aquele que a prepara.
Se existisse alguém capaz de julgar aqui quem faz o certo e quem faz o errado, eu seria o primeiro a tentar destruí-lo.
A proposta foi, é e sempre será apresentar a pergunta. Jamais a resposta correta.
E desta forma, cada qual na sua posição, construindo algo que talvez seja coletivo, afinal, tudo que sai do ramo da teoria para a prática, passa a ser, portanto... COLETIVO!

Bem vindo às RUAS!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Rua Representa.

Direto da conexão SPxNY.
Rua é Rua em qualquer lugar e sempre será!

quinta-feira, 12 de março de 2009

Além do Naked Bike

Existem mundialmente formas e mais formas de se mostrar o uso de bicicletas no meio urbano.
Uns optam por apoiar, outros optam simplesmente por estarem lado a lado dos carros nas cidades.
Por uma análise inicial, até então não vemos muitos problemas... Porém, o que talvez fique escondido em linhas, ou teorias burguesas de “vamos pedalar para mudar o mundo”, é que o custo é muito alto.
Na semana retrasada eu estava conversando com um talvez futuro engenheiro de alguma política pública voltada ao transporte na cidade de São Paulo – certamente um desses burgueses que estudaram o que seus pais ordenaram, e não sabem agora o que fazer agora com o diploma, e acham “bonitinho” ter uma bicicleta limpinha.
Na verdade, a teoria que ele defendia, era exata e justamente uma teoria meio que padrão de grande parte daquilo que enxergamos hoje como “ciclistas” das grandes cidades.
É triste saber que a maioria apenas adota a bicicleta e a luta por trás do uso dela, por talvez não terem sido aceitos nos Partido Comunista de suas cidades natais.
O fato é bem simples nesse linha de raciocínio. Prega-se a “Paz no Transito”, a limpeza do ar, o exercício físico, a liberdade!
Esses são alguns dos argumentos básicos e cá entre nós, argumentos tentadores e certamente convidativos àqueles carinhas que estão desenvolvendo alguma atividade de alta lucratividade e destruição para os demais setores da sociedade e do meio ambiente. De alguma forma, eles devem se redimir perante a sociedade.

“Eu destruo a minha sociedade inteira com as práticas da minha semana, mas às sextas eu tento salvar um pouquinho disso tudo!”

Desta forma, além de estarmos lidando com verdadeiros tapados, acabamos percebendo nitidamente que a proposta é apenas defendida por outros interesses.
A “Bicicletada” é um movimento que é conhecido no mundo inteiro. Mas não é raro (não mesmo!) você encontrar fumantes que acendem seus cigarros no meio da manifestação. (Estamos lutando por o que mesmo? Ar puro? Ahhhh entendi!). Ou então, que saem de suas casas com seus carros luxuosos, aos finais de semana, para se entupir de gordura cadáveres (oooppsss... acho que alguns conhecem isso como carne, talvez) seus estômagos. “

“E sobre o que mesmo que estávamos focado? Praticas saudáveis? Hummm interessante, mas acho que eu prefiro só me envolver um pouquinho nisso tudo. Quero me envolver até onde é festa... até onde é divertido. Me envolver à partir do momento que a luta passa a ser política? Ahhh isso não! Por favor... deixe isso pra lá! Eu quero é ter outros amigos além daqueles chatos do escritório.”

E é assim! É justamente ASSIM que nada e absolutamente nada vai mudar!
O que talvez conhecemos hoje como “Bicicletada”, encarada de uma forma séria ou pelo menos deveríamos encarar de uma forma séria, principalmente quando ela acontece em uma das mais importantes cidades da América Latina, é nada mais do que uma reunião de amigos e centro de exposição de idéias meramente reformistas acerca de bicicleta e trânsito.
Porém.. o buraco é mais embaixo... Existe sim a parte política. Existe sim a resistência. E existem sim os outros argumentos.

Ahhh sim.. lembrei! Aquela minha tal conversa com o carinha que vai receber R$ 12.000,00 por mês trabalhando para a CET (será que ele ainda vai se preocupar em sair de casa com sua bicicleta limpinha?), para estar “planejando” o tráfego nas grandes cidades.
Então... eu estava expondo algo que eu tenho percebido muito ao longo de alguns anos no asfalto.
Sabe... talvez a recente morte de uma ciclista tenho sido crucial para que algumas coisas começassem a mudar em mim.
Enquanto eu vi muitas lágrimas... manifestações... repúdio ao motorista que assassinou mais uma ciclista, eu fiquei refutando algumas idéias acerca do uso de bicicletas em meio ao trânsito.
E sabe onde eu cheguei?
Eu, que hoje tenho lá os meus vinte e poucos anos, passei por algumas fases, inclusive de percepção sobre a minha postura.
Já tive a minha fase pacifica, sabe?

“Bom dia senhor. O senhor sabia que quase me matou na esquina ali atrás?”

A resposta, em grande parte das vezes era:

(...)

Nenhuma... até porque o motorista apertava o botãozinho do seu luxuoso carro importado e fechava o vidro... talvez ele estivesse pensando: “Ihhh lá vem mais um daqueles hippies que quer me falar sobre o que eu fiz de errado”
(coitado dele... talvez ele tenha sido apenas um idiota filho da puta – desculpem o termo - que viveu a vida inteira pisando na cabeça de outros para chegar onde chegou, e realmente, eu entendo que ele deva estar bem cansado de saber que os erros dele já são bem vistos pelos outros...)
E de fato, sabe?
Depois eu comecei a pensar...
“Caramba... o cara quase me matou, e eu fui ser gentil com ele? Espera um pouco... que valor eu estou dando a minha própria vida? Sinceramente se um cara me ameaçar, eu vou lutar para sobreviver àquilo! E porque mesmo eu estou sendo gentil?”
Enfim... infelizmente, talvez a violência só nos atinja quando ela acontece com nós mesmos, ou tão próximo, que é impossível não enxergar!
E assim foi. Tanto que hoje... apesar de já ter incentivado muitas... mas muitas pessoas ao longo da minha curta vida, a pedalar... não seria capaz de convidar o meu pior inimigo a estar do meu lado nas ruas de uma cidade grande, como São Paulo, por exemplo.
Eu sei que esse meu sentimento de “pai” acaba se estendendo aos que eu realmente amo. Mas o meu sentimento pela VIDA não faria com que esse meu inimigo, estive em risco eminente de morte!
E sabe? Fundamentei uma teoria, com base em algumas leituras de alguns sociólogos, dentre eles, um de nome bonito... ele chamava-se Eduardo Não Sei Do Que.
Ele escreveu um artigo e talvez tenha sido esse artigo que tenha me feito refletir a ponto de desenvolver algo que hoje, é o que falo.. é o que divulgo.
Em contra partida, é lógico... os meus argumentos são de confronto àquele carinha que quer trabalhar na CET para viabilizar meu transporte entre os carros:
“Ahhh nós temos que educar o trânsito. Nós temos é que criar uma via de diálogo entre motorista e ciclista e conviver em Paz no Trânsito!”

Sabe... Que se dane essa Paz!
Uma coisa que talvez hoje seja extremamente clara é que não existe PAZ no trânsito... e na verdade, visualizo que isso nunca vá existir, de fato!
É simples o raciocínio: Pegue um saco de plástico (tente reciclar antes ou depois! Afinal.. temos que ser conscientes... não são só em um setor, né?)... não.. não.. pegue um de pano!
Então.. dentro desse saco de PANO, coloque uma lâmpada. Sabe? Uma lâmpada comum.
Coloque-a cuidadosamente no saco. Pegue então, uma pedra, mais ou menos, ou um pouco maior do que a lâmpada e coloque cuidadosamente no saco.
Pronto. Saia da sua casa (ou escritório) e vá dar uma volta na rua... fique com esse saco pendurado no braço durante algumas horas do seu dia.
Pois bem... conclusões:

01 - Quer entender o que é a vida de um ciclista no trânsito?
Vamos lá... sabe a lâmpada que você colocou dentro do saco? Pois bem... o ciclista é a lâmpada. E... já que você deve estar curioso para saber o que aconteceu dentro do saco... vamos lá, abra o saco e.... NOSSA!!! A Lâmpada esta quebrada? Hummm sim, você perdeu uma lâmpada, amigo! Desculpe... esqueci de dizer que você poderia usar uma lâmpada já queimada... enfim.. cada qual com o seu prejuízo, ok? (risos..)
Portanto... TENSO! A vida de quem pedala é TENSA! A todo momento... a todo instante... a cada fração de segundo, você pode, através de um descuido seu ou do motorista... MORRER!

02 – Não se mistura!
Não existe forma amigável de misturar carro e bicicleta! Nós não temos que estar no meio dos carros, da mesma forma que não se mistura pedestre e ciclista! Nós não temos que estar nas calçadas! Da mesma forma que os carros representam risco eminente para os ciclistas. Nós, ciclistas, também somos riscos para os pedestres (eu mesmo já atropelei alguns. Dentre esses casos, um foi para o hospital, e sei lá o que aconteceu com o rapaz que foi vitima da minha falta de prudência. Mas eu juro... eu estava na minha.... Hummm.. onde eu estava? Putz! Acabei de perceber que eu não tenho espaço nas ruas! Enfim.. eu estava errado de qualquer forma, então..).
Carro usa as ruas... Pedestre usa a calçada... Ciclista usa a CICLOVIA!
E nisso eu estou bem fechado ultimamente!

Na semana passada, durante um ato em solidariedade aos direitos das mulheres, eu estava meio atrasado para uma prova... Saí correndo com minha bicicleta. Eu estava consciente do que estava fazendo, mas mesmo assim, uma senhora de certa idade gritou para mim: “Calçada não é lugar de ciclista!”
Eu passei muito distante dela! Muito mesmo.. mas mesmo assim, ela fez questão de expor o seu lado.
Bom.. eu, na minha pressa, acabei simplesmente gritando: “Desculpa senhora! Mas o Kassab ainda não fez a minha ciclovia!”
Mas eu realmente queria ter parado, para talvez gritar com ela, da mesma forma que ela gritou comigo:
“Escuta aqui senhora! Primeiro... porque você esta falando isso para mim? A senhora já parou para pensar então qual é o MEU lugar? Onde eu devo estar? Arriscando a minha vida no asfalto, enquanto a senhora fica na segurança da sua calçada? Eu quero é mais que a senhora se sinta cada vez mais ameaçada com esses ciclistas “malucos” que quase atropelam - e algumas vezes conseguem(!!) - pedestres nas calçadas... porque desta forma, talvez o movimento que vai pressionar o Estado a pensar na minha ciclovia, seja agora um pedido não só meu... mas da senhora também!”
E em outra ocasião, apenas para citar o outro lado... foi quando um motorista de ônibus quase me assassinou.
Isso aconteceu dentro da Cidade Universitária (USP), em São Paulo.
Não houve diálogo e aconteceu que, o motorista me viu de longe, mas mesmo assim jogou o ônibus em cima de mim! Ou seja, claramente tentou me matar. Porém, eu estava em um dia tranquilo.. estava cansado. Queria chegar em casa e dormir. Mas talvez ele não tenha gostado de eu tê-lo chamado de “imbecil”. Eis que o mesmo, mais a frente, me fechou e parou o ônibus, que estava cheio de estudantes.
Todos, de dentro do ônibus, assistindo, começaram a gritar que o motorista era um idiota por ter feito isso. (talvez porque alguns estudantes da USP se solidarizem com a questão do uso da bicicleta no meio urbano). Porém, o motorista, que talvez estivesse nervoso por qualquer outro motivo particular, fez questão de descer do ônibus e querer vir “tirar satisfações” olhando nos meus olhos.
O cara era grande, mas não era dois, de fato.
Eu, sentado na bicicleta pensei: “Bom.. vamos ver o que ele quer conversar comigo!”
Eis que ele se aproximou... começou a gritar comigo... falou que o asfalto não era lugar de bicicletas (e sim.. no fundo o canalha estava certo! Isso pelo menos mostrou que ele pensava um pouco!)... mas ele começou a exagerar um tanto. Começou a se aproximar mais. Até então eu estava ouvindo apenas. Não cheguei a discordar dele, até porque eu mesmo concordava com ele.
Mas ele começou a apontar o dedo quase encostando no meu nariz. E começou a ter um discurso mais inflado.
E conforme ele mesmo crescia na raiva que ele mesmo gerava... mais os estudantes gritavam e mais eu calmamente vestia meu soco inglês, com as mãos nas costas (para ele não ver o que talvez o esperava!)
Eis que do nada, ele fez um movimento jogando uma das mãos para trás... e nesse momento eu pensei: “Opa... acho que ele vai me dar um soco... e talvez esse soco tenha por objetivo o meu rosto. Droga viu!”
Enfim.. de fato aconteceu. Mas como o cara era grande e meio gordo, tão logo... meio lento. E nesse segundo, eu consegui colocar meu rosto para trás, fazendo com que a não dele conseguisse atingir somente meus óculos.
Newton estava certo em suas proposições. “Toda ação... equivale a uma reação!”
E na verdade, amigos... eu não estava nem um pouco disposto a contrariar umas das mais famosas e letais leis da física universal.
Portanto... Um soco na cara, equivale um soco na cara!
Porém, eu errei em duas coisas:
01 – Eu não acertei o rosto de dele. Acertei a testa!
02 – Eu estava de soco inglês.
Conclusão... o cara simplesmente lavou a minha mão com o sangue dele.
Sabe... eu sempre treinei algumas artes marciais de contato. Gosto. Principalmente daquelas que conseguem trabalhar corpo/mente/espírito.
Eu sempre treinei e usei o soco inglês, não para acertar o rosto de alguém... porque sei o estrago que faz... Mas sempre tentei me regrar a acertar outras partes do corpo que são igualmente efetivas, como o osso externo, que se localiza na parte frontal do peito. Ou seja, um soco bem dado ali, derruba qualquer um. E com soco inglês ainda... hummm machuca, além de derrubar!
Mas foi meio que instintivo dessa vez. Eu cheguei a olhar para o peito dele, mas talvez pelo motivo que ele tenha me colocado naquela situação, eu mirei no peito, mas meu punho foi na testa!
Ele cambaleou um pouco, mas foi o suficiente para o ônibus se calar por completo e ele voltar igual um cãozinho molhado para dentro do coletivo.
Não vou dizer que ele saiu correndo de mim, entrou no ônibus e acelerou... porque senão ficaria parecendo que ele desceu cheio de moral, apanhou e fugiu (e o que talvez tenha sido pior, é que isso foi visto por umas 25 pessoas que assistiam os fatos de camarote)
Mas enfim... eu ainda estava agora com muita vontade de fazer com que o motorista fosse embora o mais rápido para algum hospital, ou sei lá para onde.
Então.. resolvi dar a noite de folga para ele:
Ele seguiu com o ônibus pela avenida, mas para sorte ou azar dele, o primeiro sinal fechou...
Eu confesso que ainda estava com uma sede de vingança que esquentava muito muito sangue...
Enfim... talvez ele nunca mais vá se esquecer de mim. Aliás... talvez ele nunca mais se esqueça dos ciclistas.
Passei do lado do ônibus que estava parado no sinal, e aproveitando que ainda estava com o soco inglês vestido entre os dedos, enfiei metade do meu braço no pára-brisa do ônibus... o vidro se estilhaçou em milhões de pedaços... (talvez igualzinho à lâmpada que você colocou no saco com a pedra, lembra?)
Virei a primeira rua na contra mão... e sumimos um do outro.
Ali terminava mais uma história de como não existe mais diálogo quando estamos misturando duas coisas tão heterogêneas.
E sim... aquele tal carinha lá do inicio da história, lembra? O futuro engenheiro de tráfego?
Pois bem... ele ainda tentou me vender a idéia de que é preciso respeito. E que devemos compartilhar e não dividir... e todo aquele blá, blá, blá utópico de ruas floridas e pessoas caminhando felizes e que não existam mais limites entre o asfalto e a calçada e que todos possam dividir o mesmo espaço... o mesmo mundo!
Lindo isso né?
Mas penso ser bem romântico para o clima de SP!
Enquanto estamos sonhando com coisas floridas e coloridas e pessoas sorrindo numa tarde de sol na Av. Paulista... existem muitos ciclistas no asfalto ou nas calçadas pingando suor, e alguns... pingando sangue!
Temos que segregar SIM!
Temos que ter o nosso espaço! Temos que ter a nossa VIA!
Acidentes vão estar fora de cogitação?
Em hipótese alguma! Ainda acredito que vamos passar a ter acidentes envolvendo ciclistas! Mas a partir do momento que tivermos o NOSSO espaço... se algum ciclista maluco ainda assim quiser se arriscar entre os carros... que assuma os próprios riscos!
Mas dessa vez, poderemos dizer que o errado, era o ciclista! Porque ele agora tem o seu lugar, mas estava fora dele!


Ahhh sim.. o titulo né??
Bicicletada pelado! (risos..)
Vamos chamar atenção para que? Para bicicletas no asfalto?

Ahhh que divertido!